quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

da série: crônicas escrotas por falta de inspiração.

Era num elevador, de tarde, num dia ameno. O rapaz entra e encontra a irmã da amiga de seu irmão, que por uma ou duas vezes já entrara em sua casa, pedindo licença, sendo educada, e que já trocara uma ou duas palavras com ele. Exato, aquela pessoa que você menos deseja encontrar num elevador: Alguém que você conhece  a ponto de ser obrigado a puxar um assunto, dar oi, enfim. Pois, lógico, torcemos todos para que seja ou nossa namorada, ou melhor amigo, pai, mãe, e até melhor: desconhecidos, os quais você só precisa se preocupar em segurar uma possível flatulência - caso uma feijoada ainda em digestão tenha armado uma barraca na sua barriga. O jeito é pensar que o momento durará no máximo 30 segundos. Olhar no relógio não ajuda.
- Oi...
- Oi...
- Tem visto sua irmã?
- Minha irmã!?
- Meu irmão.
- Você falou "minha irmã".
- Como eu falei isso? Lógico que você anda vendo sua irmã. Quis saber do meu irmão, se você tem o visto.
- Ah, sim... estudamos juntos né.
- Aham...
3  segundos de silêncio, ele tenta de novo.
- Tá quente hoje, né?
- Não achei...
- Pois é... hehe
Abre a porta.
- Graças a Deus.
- Oi?!
- Nada, é que sempre tenho medo que ele pare. Hehe, tchau... manda um beijo pra sua irmã!

E assim foi.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Alzheimer

O ciclo inverso: velho que vira bebê. A loucura de uma lógica imperceptível. Ver esse processo é tão assustador quanto temê-lo, sabendo que por forças genéticas a escapatória para isso é improvável. Convivo diariamente com esse desaprendizado gradual e lento, mas que com ferocidade destrói a facilidade de fazer as coisas mais simples, aquelas que fazemos desde os primeiros meses de vida. Os mais resistentes, desaprenderão a andar, depois, a comer, depois, a urinar, depois, a abrir os olhos e por fim, a respirar. Desejo, sinceramente, ser o menos resistente possível.