sexta-feira, 26 de agosto de 2011

um olhar para a minha zona de conforto

ensaio um esboço de renovação
testo os limites das minhas mãos
sinto a distância (longe, junto)
sinto a essência dessas vontades
penso nas reais possibilidades
ouço as vitais necessidades
localizando-me nesse espaço
mapeando meu espectro
certo, nada é certo
sempre, nada é sempre
fujamos dessas lentes que pusemos
coloridas, mentem ao extremo
há tanto branco e preto para ver...
há tanto desejo pra correr...


não parto porque o temo:
céus, como é duro sair do céu...!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

a fraqueza nas minhas pernas when im high é A Insustentável Leveza Do Ser.


8/8/11
de tarde

domingo, 21 de agosto de 2011

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

em tempo

flutuar no tempo
boiar no mar de horas
secar o rio de sempre
quebrar as toras do nunca
que passa, passa, passa...

deixar o passar para lá
mentir o trajeto do sol
fechar os olhos pra lua
raspar com lixa as rugas

não posso esperar mais
por nada, aliás
nem mesmo a primavera
(não sinto seu ar)

fecho a tampa do pote
equilibro a ampulheta
da vida, da morte,
da transformação:
canoa só
sobrou o caniço
vento soprou


sumiço

sábado, 13 de agosto de 2011

hoje não há poesia, há só um vazio e um "meu deus eu nunca tinha chorado assim"

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

de manhã

Acordei com a leve ressaca que as algumas cervejas pra boca seca deixaram, lembrando de como foi simplesmente agradável noite passada, apesar das mil coisas na cabeça, ou justamente por isso, e tomei um banho; voltei pro quarto, ainda de cortinas cerradas, liguei o vinil, o som adjacente, e botei a agulha pra tocar. Paul Simon & Garfunkel, começando sempre por essa, e fui abrindo as cortinas. O sol, o dia, os dois me atravessando. Sentei na cama, e do meu lado, na mesinha de cabeceira, na pequena pilha de livros recentes, lembrei do livro de poesias do meu professor. A primeira poesia que abri, no meio, avulsa, foi a única que eu precisei.

A folha


Invejo a folha livre
que abana sem distinção,
que brinca no vento
e se enleia no sol.

Invejo a folha do ar,
a folha da árvore,
a folha sem cérebro
que não sofre o destino das coisas,
que vive
no coração da natureza.

Invejo a folha! Ela é livre
e eu não sou;
ela vive no coração de Deus,
eu vivo no frágil
coração da mulher.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

insight das 02:24

Não acho que as coisas tenham essas causas... e se tiver, a maior vai ser sempre o tempo. Sempre...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

delírio da 1:12

eu quero me perder nas viagens de kerouac
pra esquecer que eu não saio do lugar
pra sentir um pouco a vida
pra sublimar

eu quero que esses olhos se afastem
porque eles me trazem o mal
o mal tanto quisto no fundo
que grita em vez de calar

veja esse castelo de cimento
há muito erguido lentamente
como balança com o vento
como embaralha a mente

eu amo e amo e amo
e quero o mais fundo amor
mas cavo cavo e cavo
e porra, onde é que eu tô?

esse lugar é o céu?
esse lugar é o inferno?
eu vim até aqui
mas só vejo o belo

nem consigo pensar mais
na outra possibilidade
imerso, inerte, caminho,
febril mas cheio de amor

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

me levaram de carro pra longe agora
só o que vejo é poeira e marcas de dedos
mas a janela é de vidro, e vidro é d'água:
posso, posso sim ver o mundo lá fora.

o bumbo marca a levada boa
que canta e leva até São Cristóvão
são desses sãos Santos que nomeiam ruas
como a minha, ladeira cinza que de tanto vento voa

a levada leva à São Cristóvão, o carro até San Fran
eu, meu pai e minha mãe, brincando de bambolear por aí

vemos, do alto da costa, o mar que leva ao Japão
o mar da Paz, do Atlântico irmão,
tão grande, tão delineador, tão prova do formato bola do mundo,
que não há mãos, sem truques, que o abrace. Não.

no tempo e espaço nossa vida se espalha
mas o que mais forma-se são intersecções
encontros dos encontros, círculos como mandalas;
atrasados compreendemos estupefatos a vida
e concluímos que cara, sempre há tempo.





segunda-feira, 1 de agosto de 2011

descendo as escadas

quando desço as escadas,
tudo dança:
prédios, postes, pontes.
mole concreto balança e me sussurra:
“vida avança, vida avança!”

sobre os joelhos
cima, baixo, cima, baixo,
sobre as antenas
vai-e-vem igual.

os carros também,
também as pessoas,
formigas e moscas:
todos dançam quando desço as escadas.

e eu com meus joelhos?
e eu com meu balanço?
brindo à vida e junto danço.

meu peso de meteoro,
meus pés de gigante,
sacodem o mundo à vista
“avante, avante!”

órbita do olhar,
malemolência do concreto;
pescoço balança com a dança
fazendo sinal de “certo”.