terça-feira, 28 de junho de 2011

sobre o grande amor

a pessoa deixa de ser quem ela é, para ser então quem ela é para nós.
e nós depositamos muitas coisas nela, transferimos, deslocamos, desde expectativas às mais ínfimas necessidades.
essa pessoa vira enorme, tamanha quantidade de coisa que amontoamos em todas suas partes.
nos sentimos dependentes dessa pessoa, tamanhas ligações que criamos e que agora necessitamos delas, porque não realizamos nossos desejos, apenas transferimos para ela e agora precisamos dela para que eles sejam realizados.
não conseguimos ser sós e solidários, nossa relação não é uma conjunção heterogênea.
fazemos dela uma extensão de nós mesmos e...


esse relacionamento é para lá de doentio, né...

sonhos acordados: I

É noite. Eu e mais uns garotos e garotas de idades mais ou menos parecidas - claro que sempre tem "os mais velhos" e "os mais novos", sendo esses dois grupos importantes na hierarquia e na forma das relações - estamos na rua, na frente de nossas casas, onde nos é permitido estar a essa hora. Eu estou ali mas me sinto confuso, os diálogos são todos tensos, cada ação está sendo avaliada por todos e a cada uma delas cada um se esforça ao máximo para ser inovador, para passar para um outro nível no "sistema de organização de pessoas mais legais" dos outros - mesmo os mais excluídos, mesmo os que nada cheiram, todos esses são de fundamental necessidade de atingir. Essa noite, esses momentos, têm gosto de sonho, é como se na verdade você não tivesse muita certeza se aquilo está acontecendo ou não, mas você vive aquilo ali e só no dia seguinte é que realmente você se pergunta incrédulo: "O que foi ontem?!". Voltando. Há muitas pessoas, há dispersões estratégicas de pessoas que para aquele grupo são essenciais, mas que ninguém viu sair. Há rumores... Eu sou um grande amigo de um dos que saiu, e mesmo assim o que sei é muito pouco, apenas palavras-chave que esse meu amigo discretamente me confia e eu na verdade não sei muito bem o que elas significam. Faço então mil cálculos... Mas, na ausência de alguns destes, é hora para os que como eu, apenas um nível abaixo destes, comecem a aparecer e a liderar e coordenar os próximos minutos, momentos. Essa é realmente umas das principais funções dos que são como eu: Suprir as necessidades gerais de funcionamento enquanto os mais importantes dão um tempo, fazendo o que de fato é mais importante e o que poucos fazem: relacionam-se intimamente. Eu, e todos os outros abaixo, sonhamos com isso, vislum e deslumbramos. (...)

continua.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

sonho - I

Eu e meu pai num barco (baleeira) pequeno e motorizado no mar do Ribeirão da Ilha. Ele fica atrás, no motor, eu fico na proa (que é aberta, não sei como, ela não fecha, a água tem passagem livre mas isso não acontece, digo, o barco não afunda, apesar da grande quantidade que vem em mim, por isso fico completamente de frente pro mar). Eu seguro, ali na frente, um bebê pelado, e esse bebê sou eu, eu até me refiro a ele como Lucas. Meu pai anda muito rápido e eu tenho dificuldade de segurar esse bebê, que fica meio que escapando das minhas mãos mas eu tenho muito amor por ele, eu não quero que ele caia, mas às vezes me preocupo mais em tirar o tanto de água que bate no meu olho e percebo que o bebê estava numa posição horrível, quase caindo. Apesar disso ele não chora, não se manifesta, só fica quietinho e até passa a mão no rosto devido a tanta água. No começo do passeio eu seguro o bebê com muita ternura, e até falo: "Como ele é fofo", ou algo do tipo. Sinto bastante medo e angústia, mas não lembro de reclamar nada a meu pai, na verdade não lembro nem de me virar para ele... a tensão está toda ali em segurar a criança.