sábado, 31 de dezembro de 2011

- uuhh, good job! what was the color of the soup?
- it was yellow.

caule ou poeta

nós: os
olhos da árvore.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

o gato

Na vã esteira do dia
o gato repousa tranquilo:
vive.
(só ou não)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


E pensar que todos eles já foram desse tamanho...
Já tiveram esse sorriso, já pularam e correram tanto!
Olha esse sorriso, teu! É meu sorriso nele, é
O soriso dele pequeno, sereno e moleque.

Sorriso de quem amou-a e me deu.

noite gelada

I

minha vida é assim mesmo, de vadio
eles lá e eu aqui, correndo
nessa noite freaking cold de céu gigante, doido
depois de me emprestarem duas meias e uma calça e um pano pra boca/nariz:
e eles lá com a pedrinha do meu pai.

(uma hora sai)

II

donde vem esse inclínio pra preguiça?
ante quantas limonetas eu resisto?
fato é grosso como pizza e azedo
susussurra "tua vida é um brinquedo"

III

se contasse a ti que ando sempre em dúvida
pois há vozes que lho julgam desrespeito
pensarias duas vezes a respeito
ou virias com palavras menos úmidas?

IV

waiting them to come
really tenderly
- knowing they will be
ok with all this -
feel like saaadly
just for not to be
playing the
fifa.

V

chegarão eles três
primeiros quês meus
como nunca adivinharei:
vivo a descobri-los
e nunca como today
os grilos vão pulantes vastos de amor e verdade seus

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Pintor de facas

Cem dimensões
Tomam as coisas em nossas mãos.

Que serão, pergunto,
Que serão?

O cajado do grande sábio,
Escondido rosto negro,
Apóia-se no chão de nuvens - eternidade.

Lá de cima,
Ao contrário do que sempre se pensou,
A morte veia
Em todos os nossos braços.

Cada ato como o último ultimato
Sedento pela sede, apenas,
E as terríveis penas
Que por dentro derrubam...

Que serão, pergunto,
Que serão?

A força dos golpes que atingem
Está
Na força do atingido que,
Sentindo a si sem cor,
Dá por dele a culpa.

- Outrem pintor de facas,
Outrem demônio meu,
Fuja-me e tinja-me o peito antes que o branco desta folha
Tome a mente e o coração desse que ainda não enlouqueceu!

Serão a indivisão
Meu-teu?

sábado, 3 de dezembro de 2011

Poema do jato

Sou um rio
Esperando pela chuva
Pra molhar mais,
Derramar mais,
Transbordar.

Ai, meu coração,
Tanto quis me apaixonar
Mais e mais!
Tanto quis descobrir um corpo que mostrasse o que eu não sou!
E agora que encontrei mas não o posso ter?
E agora que o jato partiu e o leva, moreno e brilhante,
Saudoso ao meu desabar sufocante e singelo,
Pra muito, muito distante?

Agora,
Qualquer aparelho eletrônico risca minha poesia,
Meu lamento choroso já que a posse nem é meu fim,
Já que finjo não importar ser o outro
Ao passo que o tento incessantemente mesmo assim.

Por que, coração, não me contento com a beleza dos momentos vãos?
E corro cego ao ridículo e exponho-me com palavras e gestos desengonçados
Enquanto ouço a confissão sincera que também soaria como desilusão
Não fosse o fato de essas paredes terem algo amaldiçoado,
Que se mistura ao brilho esparramado pelos ombros
Onde perpassam os cabelos ondulados com algum cheirinho bom,
Entornando-se em verdade?

Meu nariz entupido impediu-me quase sempre
De guardar o forte aroma dos momentos
E lembrá-los de imediato quando o vento
É certeiro no alvo fácil e peçonhento
Que avisa todos outros do seu corpo
E avista a imagem do desejo:
Pela primeira vez, experimento.

Inspiro-te e te beijo, e me jogo, e a janela aberta porque faz calor apesar da hora,
E muita sede, e muito xixi, e molhadas as barrigas rentes;
Sentes o que eu sinto e conhecemo-nos então assim:
Conversando madrugada a fora numa noite que não tem mais fim.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Soco


Num soluço da manhã respiro um soco de esperança e vontade de mundo,
E me tranco nesse quarto para fazer minha poesia inútil;

E em meio à força do discurso e da fonética do som das palavras faladas,
Recolho-me à palavra muda, que ecoa de dentro pra mais dentro ainda:
Meu silêncio espera a hora da música enquanto as vozes circulam fugazes.

Aí então o mundo ouvirá meu canto,
Arraigado nas entranhas ferozes do meu corpo,
Onde se fundem sentimento e palavra.

“Quando eu soltar a minha voz...”