sexta-feira, 19 de março de 2010

Letais voltas de um amor

- Então por que fizeste se saberias de tudo, de tudo que talvez não quisesses saber!? E agora ficamos assim, nesse amor intenso em ruínas que já não sabemos se somos capazes de restaurar! Amores se restauram!? Como antigas construções arruinadas pelo tempo que hoje pra nada mais servem que não ser abrigo de indigentes com suas unhas imundas e seus cachorros infestados de vermes? Eu não queria precisar restaurar nosso amor... não agora...
- Não agora? Não nunca! És pior que esses cachorros infestados de vermes! Sim... és pior que eles! Muito pior! Eles pelo menos seguem seus donos por toda a cidade, perambulando mancos com seu ar doentio...
- E o fazem por quê? Por pena e necessidade! É por isso que queres que eu fique contigo? Por pena e necessidade!?
- Se pelo menos assim fosses só meu...
- Mas eu sou!
- Não és...
- Sou!
- Não mais...
- Tu sabes que nada de mais aconteceu... foi só aquilo.
- Aquilo que sempre foi o mais importante pra mim.
- É? E há quanto tempo não nos beijamos? Chegamos do trabalho e comemos um ao outro com tanta gana que parece não haver mais ternura entre nós... isso sim sempre foi o mais importante pra mim.
- Será que acabou, então?
- Eu não vou aceitar que o que eu fiz seja o motivo de ter acabado.
- Que ótimo... e o que você propõe então?
- Eu te amo.
- Como sempre?
- Como sempre... desde aquele dia.
- E por que... então...?
- Também não sei, meu amor... Céus, que raiva! Eu não sei porque! Nunca planejei! Nunca busquei em sã consciência!
- Estavas bêbado.
- É... não quis dizer pra não parecer justificativa.
- Hm...
- Acho que me senti poderoso, sabe? Sim... porque antes de você eu nada era! Tive sim alguns amores, algumas razoáveis longas relações, mas...
- Quanto tempo?
- 4 meses...
- Hm...
- Mas sei lá! Contigo eu vi que sabia como fazer uma mulher feliz... na vida mas também na cama, entende?
- É com tanta certeza que dizes isso?
- Pare com isso... não é do teu costume. Nós dois sabemos muito bem que demos um ao outro os melhores orgasmos de toda a história da humanidade... Vem cá, vem...
- Não quero...
- Vamos deixar isso pra lá...
- Para, Luiz...
- Te amo tanto, mas tanto, mas tanto, Ju...
- Sai! Chega! Não é assim que a gente vai resolver isso! Eu não vou esquecer! E esquecer não é perdoar... por isso pare, por favor...
- Eu não sei como resolver isso...
- Eu também não...
(...)
- Aliás, eu sei sim. Vou dar uma volta.
- Você volta?
- Eu sempre volto, seu bobo... deve ser por isso que me maltratas tanto, aliás...
- Shh... não, não, não... pare com isso, meu bem... sem chorar, por favor... eu não mereço isso... nada disso.
- Mas eu mereço...
- Não seja tão cruel contigo mesma...
- É... talvez eu não mereça mesmo... vou dar uma volta.
- Você volta?...