quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ócio

É o ócio das férias que cresce na mente um "não quero nada" e joga pro corpo uma bocejada. As tardes, cumprindo seu papel de tarde, demoram a passar fazendo-nos sofrer, deixando o horizonte cada vez mais longe e uma grande vontade de deixar acontecer. Que tudo aconteça, que nada interfira, que a vida vá mais longe do que essa minha esquina porque eu estou aqui e há ainda mais: estou muito bem aqui. Falta-me porém, a chave da criação... a circunstância primária, a mais simples condição... ah, aí então expandiria... Silêncio. Aqui não tenho silêncio. As portas latem, as pessoas latem, os rádios latem, as televisões latem, os carros latem e meu cérebro reluta em não latir. Silêncio para o violão, silêncio para a meditação, silêncio para a reflexão, silêncio para escrever o que dizem minhas mãos. Não os tenho. Ócio imprestável.

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