quinta-feira, 23 de abril de 2009

caminhando e cantando e seguindo a canção

Chico, dê-me só os acordes que a melodia eu faço, tá aqui, sempre esteve. Sambo em cada esquina, estralando os dedos e rindo só pensando que música linda estou fazendo! Canto alto no meio das ruas enquanto os outros, estranhos, olham-me com olhar distante, indiferente. Nem triste fica quem não canta pelas ruas - porque a tristeza é linda demais para não ser cantada e cada sentimento tem sua melodia e seus acordes menores - ficam apenas sem expressão, não sei se pelo êxtase do momento ou por serem mesmo do jeito que os vejo. E assim, no auge do show eu tento voltar para a introdução e me perco, me esqueço, me atrapalho... outro samba perdido! Corro pra casa, pego o violão e puxo acordes perdidos, sozinhos, tentando resgatar aquela melodia leve, linda, mas não tem jeito: nunca mais ouvirei aquela música. Queria eu ter o dom de lembrar das músicas que fazemos enquanto andamos - pois sim, todas as músicas do mundo são feitas enquanto andamos - e assim chegar em casa e passá-la para o violão para, posteriormente, poder contagiar os outros com a minha felicidade. Chico, Caymmi, Caetano, mais espertos que imaginamos! Caminham com o violão na mão para não ter erro! Assim fazem Pedro pedreiro, Samba da minha terra e Menino do rio: andando, compondo e já passando para o violão para depois me fazer rir numa tarde perdida.

2 comentários:

  1. isso é a mais pura verdade, dificil seria contar quantas sinfonias ja fizemos ao atravessar uma avenida, ou até mesmo apenas atravessando a rua.

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