No escuro do meu quarto,
as folhas da bananeira
que o vento balança lá fora,
sussurram-me, devagarinho,
"dorme..."
Mas eu não quero.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Um brain-storm chamado Charles Severino
Charles Severino,
seu irascível comportamento
falhou quando não devia, companheiro.
Charles Severino,
o outdoor anunciou
as vagas de emprego
sua testa brilhou
de suor
por quê, amigo?
Charles Severino,
você nunca sequer viu o mar!
Como pensa então,
em sair cavando esses buracos
e deixá-los,
simplesmente,
vazios?
Charles Severino,
na tarde do dia tal
você me procurará sob a premissa de que há
na cidade
um novo circo
um novo espetáculo
e você precisará assistir para não estourar
nas suas nádegas
um furúnculo maldito, Charles
Severino sou eu, companheiro.
seu irascível comportamento
falhou quando não devia, companheiro.
Charles Severino,
o outdoor anunciou
as vagas de emprego
sua testa brilhou
de suor
por quê, amigo?
Charles Severino,
você nunca sequer viu o mar!
Como pensa então,
em sair cavando esses buracos
e deixá-los,
simplesmente,
vazios?
Charles Severino,
na tarde do dia tal
você me procurará sob a premissa de que há
na cidade
um novo circo
um novo espetáculo
e você precisará assistir para não estourar
nas suas nádegas
um furúnculo maldito, Charles
Severino sou eu, companheiro.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
terça-feira, 18 de outubro de 2011
cinzas na cidade
as cinzas
de um vulcão
dum país que é
vizinho
do meu
invadiram-me a cidade e
com sua névoa
entranhou-se
na lataria
dos carros
subestimamos a distância
de um vulcão
dum país que é
vizinho
do meu
invadiram-me a cidade e
com sua névoa
entranhou-se
na lataria
dos carros
subestimamos a distância
o roubo
olha o roubo
que faz
o menino na
padaria
que é o roubo
que faz
o menino?
escondidinho
vai
incerto
roubar
e ah,
quando pega
enfim
o objeto ainda não roubado e
sai
sem olhar pro lado
sentindo
passo a passo
o gosto da vitória
o gozo da farsa
que subitamente
surge por dentro
sendo
ainda mais gostoso
que o gosto
do objeto
já roubado
que faz
o menino na
padaria
que é o roubo
que faz
o menino?
escondidinho
vai
incerto
roubar
e ah,
quando pega
enfim
o objeto ainda não roubado e
sai
sem olhar pro lado
sentindo
passo a passo
o gosto da vitória
o gozo da farsa
que subitamente
surge por dentro
sendo
ainda mais gostoso
que o gosto
do objeto
já roubado
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
canção da liberdade
vou pro mundo
pras pessoas
pros encontros
desde a tarde
à madrugada
sei que não é nada
todo esse dilema
falso-problema
força reativa
aqui está a vida
pelo menos agora
e isso também
é só o que sei
das voltas
que o mundo dá
há anos
zilhões de tempo
super-espaço
pra toda e única
sortuda vida
ser
em paz
mas os homens
merecem um só verso
de três palavras:
mas os homens
mas os homens
etc.
só por isso
porque hoje
sinto vivo
todo Não
deixo o grito virar canção
e parto comigo
ao infinito que existe
de barco e remos às mãos
pras pessoas
pros encontros
desde a tarde
à madrugada
sei que não é nada
todo esse dilema
falso-problema
força reativa
aqui está a vida
pelo menos agora
e isso também
é só o que sei
das voltas
que o mundo dá
há anos
zilhões de tempo
super-espaço
pra toda e única
sortuda vida
ser
em paz
mas os homens
merecem um só verso
de três palavras:
mas os homens
mas os homens
etc.
só por isso
porque hoje
sinto vivo
todo Não
deixo o grito virar canção
e parto comigo
ao infinito que existe
de barco e remos às mãos
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
eucorpo
Essa cabeça que gira
no eixo do meu pescoço
pesa um peso que existe:
há coisas dentro!
Um leve mau-jeito
faz-me lacrimejar
um simples rodar
faz-me inflar o peito
Não sou mais que esse
todo único e móvel
que pelas ruas e veias
flui, vai, cai...
(preguiçosamente)
Essa cabeça que gira
no eixo do meu pescoço
sem pescoço não gira
sem os olhos não ri
sem os braços não ama
sem as pernas não sofre
sem o peito não diz
sem a bunda não chora
sem o pinto não pode
sem o pulmão não vive
no eixo do meu pescoço
pesa um peso que existe:
há coisas dentro!
Um leve mau-jeito
faz-me lacrimejar
um simples rodar
faz-me inflar o peito
Não sou mais que esse
todo único e móvel
que pelas ruas e veias
flui, vai, cai...
(preguiçosamente)
Essa cabeça que gira
no eixo do meu pescoço
sem pescoço não gira
sem os olhos não ri
sem os braços não ama
sem as pernas não sofre
sem o peito não diz
sem a bunda não chora
sem o pinto não pode
sem o pulmão não vive
domingo, 9 de outubro de 2011
conversas
uma eternidade de poemas:
assim são as conversas
ao pé da lua,
nos braços da mãe embriaguez,
que nos faz ver o mundo de muito longe,
onde os corpos não alcançam nem calculam;
onde tudo é repensado e discutido;
onde eu posso estar
ao mesmo tempo
aqui,
agora,
nesse dormir e acordar que é a vida conhecida,
mas também lá fora... fora...
do círculo.
oh, deus, quantas foram as rodas
de conversa,
de completo estado de alteração de consciência,
de sensações vivas,
de hipóteses sobre a vida, sobre o homem
que escreve,
que vê tudo diferente, que tem seus motivos, que ama e não entende por quê!
quantas?
pois quando me sento com pessoas lindas
- como são lindas!... -
e falamos sobre tudo isso
(ISSO)
e vemos o céu, as árvores (de baixo),
as construções com suas bolas giratórias que não entendo no telhado,
a vida que nos foi concebida e que perdemos tanto tempo agradecendo, concordando, carregando,
sob duras ameaças do esboço que ela é,
suas consequências! decorrências!
"Veja bem, menino!" - vozes dentro de nós agora
ah...
sentemos,
rodemos,
fujamos para lá:
para o absurdo e mais-o-que-você-quiser
universo da poesia.
assim são as conversas
ao pé da lua,
nos braços da mãe embriaguez,
que nos faz ver o mundo de muito longe,
onde os corpos não alcançam nem calculam;
onde tudo é repensado e discutido;
onde eu posso estar
ao mesmo tempo
aqui,
agora,
nesse dormir e acordar que é a vida conhecida,
mas também lá fora... fora...
do círculo.
oh, deus, quantas foram as rodas
de conversa,
de completo estado de alteração de consciência,
de sensações vivas,
de hipóteses sobre a vida, sobre o homem
que escreve,
que vê tudo diferente, que tem seus motivos, que ama e não entende por quê!
quantas?
pois quando me sento com pessoas lindas
- como são lindas!... -
e falamos sobre tudo isso
(ISSO)
e vemos o céu, as árvores (de baixo),
as construções com suas bolas giratórias que não entendo no telhado,
a vida que nos foi concebida e que perdemos tanto tempo agradecendo, concordando, carregando,
sob duras ameaças do esboço que ela é,
suas consequências! decorrências!
"Veja bem, menino!" - vozes dentro de nós agora
ah...
sentemos,
rodemos,
fujamos para lá:
para o absurdo e mais-o-que-você-quiser
universo da poesia.
sábado, 8 de outubro de 2011
| | | | | | |
assim são os anos,
riscos transparentes no espaço largo do tempo,
fendas que me doem por dentro tão forte...
supliciosa,
melancolicamente.
esses senhores cavaleiros estáticos
em posição de guerra, armadurados,
que não podemos olhar nos olhos pois ninguém,
ninguém sobreviveu.
os anos são arcos,
portais,
cavernas no próprio céu;
suas vozes são coros,
algo angelical são os anos
- os mesmos que,
por trás,
me golpeiam.
os mesmos que são morte,
que vejo apenas morte e solidão,
que só vieram para me deixar assim,
eterno enfermo da alma.
os anos são sempiternos,
são imagens dentro de mim
que nunca foram localizadas.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
pulo
Queda
do alto
desta
nuvem
rumo
reto
ao oceano.
Vim ver o ar que existe
por meio milésimo
quando o corpo rompe o mar,
quando a água cava a água.
Ele está sempre pronto
pro novo,
há espuma, não há o que temer.
"shhhhhhh..."
sábado, 1 de outubro de 2011
conversa
Ah, Eu que conversa comigo...
Ai, essas vozes...
Ah, quem sou eu...?
Tudo que sinto te digo
logo ao pé do ouvido.
Vivo o delírio sem eu...
Fora, fora, fora...
esguio-esquizo-esquisito.
Raiva, quanta raiva,
fechando o porta-malas,
já tive de você!
Por que calas,
siri,
na hora de não calar?
Teu silêncio é o meu naufrágio, minha solidão,
minha desrazão com as coisas do mundo que deveriam ter qualquer sentido!
Teu silêncio é a minha dúvida.
Embriaguemo-nos, eu,
entremos madrugada a fora nessas conversas de crianças que dormem uma ao lado da outra,
essas imagens que ficam,
metamorfose onírica...
Ouço-te com ouvidos de filho,
de amigo, inimigo,
camelo, leão, criança. Sim,
embriaguemo-nos,
vamos ver quão longe podemos chegar,
quão perto...
Testemos essa ponte!
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