sexta-feira, 12 de agosto de 2011

de manhã

Acordei com a leve ressaca que as algumas cervejas pra boca seca deixaram, lembrando de como foi simplesmente agradável noite passada, apesar das mil coisas na cabeça, ou justamente por isso, e tomei um banho; voltei pro quarto, ainda de cortinas cerradas, liguei o vinil, o som adjacente, e botei a agulha pra tocar. Paul Simon & Garfunkel, começando sempre por essa, e fui abrindo as cortinas. O sol, o dia, os dois me atravessando. Sentei na cama, e do meu lado, na mesinha de cabeceira, na pequena pilha de livros recentes, lembrei do livro de poesias do meu professor. A primeira poesia que abri, no meio, avulsa, foi a única que eu precisei.

A folha


Invejo a folha livre
que abana sem distinção,
que brinca no vento
e se enleia no sol.

Invejo a folha do ar,
a folha da árvore,
a folha sem cérebro
que não sofre o destino das coisas,
que vive
no coração da natureza.

Invejo a folha! Ela é livre
e eu não sou;
ela vive no coração de Deus,
eu vivo no frágil
coração da mulher.

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