quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Minha poesia

Não logro os versos lusitanos,
Quinhentistas, coloniais:
Os verbos rechonchudos não me caem.

Essa nobreza lingüística,
Banhada a ouro,
Não sei bem como,
Não me fisga,
Não me toca.

A folha, a mesa, o pão,
A vida, palavras assim,
Cantar, chegar, comer,
O mundo... por que não?

Talvez da canção de quem cantou a mocidade,
Mirando, do alto, a alvorada na cidade,
Sem papel, caneta,
Só violão,
Essa resguardada simplicidade minha.

As palavras são sons, músicas:
Que poderia ser,
Minha poesia de varanda,
Que não, senhores,
O próprio samba?

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