domingo, 6 de novembro de 2011

Ode ao amor

Quando eu não te quis
Pra mim,
Eu te quis então.

A tua solidão,
A minha solidão,
É isso o que me interessa:
A não pressa com as presas que dispomos
E laçamos, enfim,
O touro estabanado que mugia, há pouco,
Dentro de nós.

Não laçar:
Eis aí minha glória final,
Meu púlpito magistral de quem hoje ergue a espada e a voz,
Que dilaceram corações mesquinhos e
Cantam aos passarinhos a natureza dos sóis,
Mas que outrora já foi sim,
Escravo da falta maior.

O buraco inconfundível da intersecção chama-se “nós”,
Entidade essa que guardamos com os braços.

(mas os braços
são apenas braços:
requer-se mais!)

À maneira como os macacos dominaram um pedaço de osso,
- causa prima do nascimento do moço –
Criamos esses utensílios que alcançam mais
Que os braços,
Para então guardar com toda precisão,
O outro
Pra mim.

Homem-objeto-mundo
Homem-objeto-homem

Pela falta da posse,
Canto ao amor essa ode.

(cante)...

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